O escritor francês Jean de La Fontaine (1621 – 1695) ficou conhecido por coletar fábulas mundo afora e adaptá-las para o verso livre francês. Assim, ele publicou diversos volumes de fábulas de 1668 a 1694, considerados até hoje como clássicos da literatura francesa. Misturando humor, ironia e moralidade cívica, as fábulas de La Fontaine eram na origem destinadas para um público adulto, mas logo foram incluídas no sistema educacional francês e são aprendidas até hoje por crianças francesas.
A fábula é um gênero literário identificado por uma história ficcional curta, em prosa ou verso, com personagens compostos geralmente por animais, criaturas lendárias, plantas ou objetos inanimados e que ilustra ou leva a uma lição moral específica – a “moral da história”.
A fábula “A Cigarra e a Formiga” vê suas origens na obra do fabulista da antiguidade grega Esopo (620 a. C – 564 a. C) e é reinterpretada por Jean de La Fontaine em francês. No Brasil, o escritor Monteiro Lobato também pegou emprestado o enredo desta fábula e a adaptou à realidade do país. Ele a publicou na sua obra “Fábulas” em 1922.
A trama da fábula é centrada no encontro entre a cigarra, que leva uma vida boêmia, e sua vizinha, a formiga, trabalhadora assídua. A cigarra, não tendo trabalhado para guardar comida durante o verão, se vê então sem provisões para sobreviver ao inverno e pede emprestado à formiga que está, graças aos seus esforços, ela sim bem preparada. Ao questionar o despreparo da cigarra e ouvir que ela apenas cantou durante o verão, a formiga nega o pedido dela e responde ironicamente que ela pode agora dançar.
Será que não veio daí o uso do verbo “dançar” em português quando algo não deu certo? “Xi, ele dançou na história”. Fica a dúvida. 😉
Ao primeiro olhar, a moral desta história parece simples: se você não se prevenir, haverá consequências e apenas o trabalho duro será recompensado. No entanto, esta fábula permanece como uma das mais ambíguas, na qual a moral da história não fica tão explícita pois também retrata a formiga como irônica e egoísta.
Quem tem razão, a cigarra ou a formiga? La Fontaine parece não tomar partido e deixa ao leitor a liberdade de ter seu próprio debate interno sobre o assunto que gira em volta de temas como merecimento, responsabilidade, compaixão e caridade. Esta falta de conclusão moral pode ser atualizada para os dias de hoje, nos quais vemos o crescimento de comportamentos individualistas e um olhar mais duro em relação às diferenças dos outros.
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