Le Corbeau et le Renard

Depois de nos familiarizarmos com o escritor francês Jean de La Fontaine ao explorar uma de suas fábulas mais famosas La Cigale et la fourmi (a cigarra e a formiga), decidimos continuar com Le corbeau et le renard, outra de suas famosas fábulas.

Le corbeau et le renard é inspirada na fábula do mesmo nome de Esopo, grande fabulista da Antiguidade Grega. Ela relata um encontro entre um corvo descansando em uma árvore e uma raposa aos pés desta mesma árvore. Até aí, nada de extraordinário, mas o enredo fica mais interessante ao percebermos que o corvo está com um queijo no bico e a raposa, impossibilitada de atingi-lo fisicamente, está tentando roubar o queijo pelas palavras. Ao elogiar as características físicas do corvo vaidoso, a raposa consegue fazer com que este largue o queijo ao querer mostrar sua linda voz. Assim, ao final da fábula, o queijo cai na posse da raposa e o corvo entende, tarde demais, a armadilha na qual caiu.

A escolha dos animais desta fábula não é aleatória. O corvo é considerado um pássaro sóbrio porém muito inteligente e a raposa carrega uma conotação de malandragem. Por isso, desde o século XVII podemos encontrar na língua francesa a expressão rusé comme un renard (astuto como uma raposa). Mas, além de nos fazer descobrir o interesse dos corvos por produtos laticínios, o que Jean de La Fontaine quer nos fazer aprender nesta fábula? O objetivo dessas histórias é sempre de ridicularizar as qualidades humanas negativas e aqui a que ele escolheu foi a vaidade. O autor resume bem seu pensamento na fala final da raposa Mon bon Monsieur, apprenez que tout flatteur vit aux dépens de celui qui l’écoute (Meu bom senhor, aprendei que todo o bajulador vive às custas daquele que o escuta).

Quem nunca adocicou as palavras para conseguir o que queria e quem nunca se deixou enganar pela sua própria vaidade? Eis a moral desta fábula.